A toxina botulínica é um complexo proteico purificado, obtido a partir da bactéria Clostridium botulinum.
Quando aplicada através da pele, a toxina atinge o músculo e interrompe a condução elétrica, ou seja, a informação que o nervo transmite ao músculo. Assim, o músculo não responde ao estímulo do nervo e não consegue mais se contrair.
Sua principal indicação estética é o tratamento de rugas faciais dinâmicas e a suavização as linhas de expressão.
A história do C. botulinum e da toxina botulínica tem início no final do século XVIII, com o relato de envenenamentos alimentares após o consumo de linguiças e a ocorrências de várias mortes na Alemanha. Após a análise de diversos casos, a enfermidade foi chamada de botulismo (botulus: do latim, linguiça).
Os estudos científicos sobre o botulismo se iniciaram em 1817, com as investigações realizadas pelo médico alemão Justinus Kerner, que descreveu em detalhes o botulismo.
Em 1895, um microbiologista alemão, Emile Van Ermengem, conseguiu identificar a bactéria responsável pela doença, denominada de Clostridium Botulinum.
A partir de então, estudos avançaram e surgiram diversas possibilidades de efeitos terapêuticos para a toxina botulínica.
Em 1973, Alan Scott publicou um trabalho resultante de experimentos com macacos, nos quais usou injeção de toxina botulínica tipo A nos músculos oculares para o tratamento do estrabismo. Alguns anos depois, Scott publicou os resultados do tratamento do estrabismo em humanos e verificou que a aplicação local, em determinados músculos, interrompia, momentaneamente, o movimento muscular anormal e dessa forma, corrigia o problema.
E foi a partir do uso terapêutico, que surgiu o uso cosmético.
O casal canadense Jean e Alastair Carruthers, um oftalmologista e uma dermatologista respectivamente, iniciaram os primeiros estudos na área e difundiram o uso da toxina botulínica tipo A pelo mundo.
Na face, os principais pontos onde a toxina botulínica pode ser utilizada são:
• a região frontal (testa)
• a glabela (entre os supercílios)
• região periorbitária (pés de galinha)
• região da linha da mandíbula para melhor definição do contorno e pescoço
• músculos do sorriso para correções de assimetrias e do sorriso gengival.
No tratamento da hiperidrose (suor excessivo) axilar, palmar e plantar.
Além de outras condições clínicas como o estrabismo, blefaroespasmo, distonias, espasticidades e enxaqueca crônica refratária ao tratamento preventivo.
Medicamentos como aspirina, ácido acetil-salicílico, ginkgo biloba, ou medicamentos que contenham estes componentes, devem ser interrompidos uma semana antes da aplicação, pelo potencial de causarem hematomas nos locais das punções.
Seu uso é contraindicado em pacientes com alergia a albumina ou a algum outro componente da fórmula, assim como, em gestantes ou mulheres, que estejam no período de lactação.
O uso de alguns antibióticos da classe dos aminoglicosídicos (amicacina, gentamicina, estreptomicina) e medicações como a ciclosporina e penicilamina podem potencializar o efeito da toxina.
Logo, a aplicação da toxina não deve ser realizada no período que você está fazendo o uso dessas medicações.
A aplicação da injeção de toxina botulínica pode parecer um procedimento simples, mas na verdade, é uma arte e ciência que só um experiente profissional de saúde deve realizar.
Há 43 músculos na face e é imprescindível, que o profissional que aplica as injeções, entenda e identifique os pontos corretos do seu tratamento.
Após o registro fotográfico, é realizada a antissepsia da pele e a marcação dos pontos da aplicação.
A seguir, uma agulha muito fina é usada para injetar pequenas quantidades de toxina botulínica nos músculos específicos que estão ocasionando as rugas.
A aplicação da toxina leva em torno de 15 minutos.
O número de injeções necessárias dependerá de vários fatores, incluindo as suas características faciais e a extensão das suas rugas.
A sensação da picada é bem suportável, mas pessoas sensíveis podem utilizar um creme anestésico que será aplicado 30 minutos antes do procedimento.
O efeito da aplicação começa a aparecer de 24 a 72 horas, e sua ação completa, por volta de 15 dias.
Para a manutenção dos resultados obtidos na sua primeira aplicação, o procedimento deverá ser repetido a cada 6 meses.
Esse tempo poderá variar de pessoa para pessoa, mas estudos recentes recomendam o maior intervalo de tempo possível entre as aplicações, a fim de evitar o surgimento de anticorpos neutralizantes da toxina.
Você pode retomar as atividades normais imediatamente.
Procure evitar o repouso horizontal durante 4 horas após a aplicação e não esfregue ou massageie as áreas tratadas, pois pode causar a migração da toxina botulínica para outra área do seu rosto.
A reavaliação do seu tratamento será realizada na segunda semana após a aplicação.
Nesse momento, poderemos observar o efeito completo da toxina e realizar as complementações caso sejam necessárias.
A toxina botulínica é um medicamento muito seguro, desde que sejam utilizadas toxinas de marcas consagradas, de forma apropriada e em mãos de profissionais experientes.
A possibilidade de complicações existe, porém são raras e de efeito temporário.
Podem ocorrer devido à aplicação da injeção ou a migração inadvertida da toxina para outros músculos, desconhece-se a existência de complicações médicas irreversíveis com a toxina botulínica do tipo A.
• Eventos adversos relacionados à aplicação:
• Hematomas
• Dor no local da injeção
• Vermelhidão
• Ressecamento localizado da pele
• Eventos adversos relacionados à difusão da toxina:
• Assimetrias na face
• Ptose palpebral (queda da pálpebra superior)
• Estrabismo transitório (desalinhamento dos olhos)
• Fraqueza temporária dos lábios quando são tratadas as rugas peribucais. Dificuldade de deglutição e rouquidão quando são tratadas as bandas platismais ( rugas no pescoço)
Alergias a toxina são raras e há poucos relatos na literatura, mas pode se apresentar como um vermelhão persistente no local da aplicação.
A formação de anticorpos neutralizantes pode ocorrer e são capazes de reduzir ou anular o efeito da toxina. Para diminuir este risco, evitamos aplicações frequentes e doses muito altas da toxina.
O tratamento com a toxina botulínica não deverá ser realizado em:
• Pacientes com doenças neuromusculares,
• Pacientes com hipersensibilidade conhecida aos constituintes do medicamento,
• Pacientes com infecção ativa na pele,
• Gestante e lactantes.
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