Uma das principais preocupações de quem pretende se submeter a um procedimento cirúrgico é a cicatrização da pele, principalmente em cirurgias estéticas, onde a formação de uma cicatriz hipertrófica ou de um quelóide pode comprometer muito o resultado final da cirurgia.
O processo de cicatrização surge como uma resposta natural do nosso organismo para reparar qualquer ferimento na pele, seja ele decorrente de algum trauma, cirurgia ou doença.
Uma cicatriz ideal deve ser fina, sem relevo, e de coloração semelhante a da pele adjacente. Porém, para atingir esse resultado, é necessário passar pelas fases de evolução da cicatriz até ela se tornar uma cicatriz madura e esse processo é longo podendo chegar a 18 meses.
Além do fator tempo, a aparência final da cicatriz cirúrgica depende da predisposição genética e dos cuidados com a cicatriz, desde o momento da cirurgia até o pós- operatório.
A manipulação excessiva dos tecidos, suturas muito tensas e infecções são alguns dos fatores que prejudicam o processo de cicatrização.
As principais cicatrizes patológicas são as cicatrizes hipertróficas e os quelóides.
Existem outras cicatrizes ditas inestéticas como a cicatriz alargada, atrófica, deprimida, em alçapão ou com alteração de cor (discrômicas).
São cicatrizes elevadas, vermelhas, que não ultrapassam os limites do ferimento inicial. Tendem a regressão com o passar do tempo.
São elevadas, endurecidas, avermelhadas, devido à excessiva deposição de colágeno no local da cicatriz. Invariavelmente elas ultrapassam o tamanho da lesão inicial, podem causar dor e coceira importantes e, na dependência do tamanho e do local onde se encontram, podem causar limitação funcional ao paciente.
A sua causa ainda é desconhecida e ocorre mais frequentemente em pacientes jovens e de pele negra ou parda.
A maioria das lesões ocorre na orelha, região anterior do tórax, lateral do braço, face e pescoço.
O quelóide aumenta progressivamente as suas dimensões até um determinado momento, quando estaciona e, a partir daí permanece inalterado, porém jamais regride espontaneamente.
A retirada cirúrgica da lesão só deve ser programada após a fase de atividade clínica do quelóide, ou seja, após os sintomas de dor, coceira e aumento de volume terem cessado.
Como forma de tratamento único, para o queloide, a cirurgia apresenta índice de recorrência da lesão muito alto, em torno 45 a 100% dos casos.
Atualmente a melhor opção é associá-la a sessões de BETATERAPIA, um tipo de radiação proveniente de uma placa de Estrôncio que atinge as células do quelóide (fibroblastos) inibindo o seu crescimento. Deve ser iniciada em até 48 horas após a cirurgia e seguidas por sessões diárias por cerca de 10 dias
Durante a fase inicial da cicatrização hipertrófica a aplicação intralesional de acetonido de triancinolona é capaz de diminuir a reação inflamatória e a produção de colágeno na cicatriz, consequentemente, propicia diminuição da espessura da lesão, alívio da dor e da coceira.
Seu principal efeito colateral é a atrofia (afinamento) dos tecidos adjacentes e a formação de teleangiectasias (pequenos vasinhos de sangue).
As infiltrações são realizadas com intervalos de 3 a 4 semanas e repetidas o quanto forem necessárias. Quanto mais denso e mais fibrose tiver o tecido, maior o número de sessões.
São lâminas flexíveis e autoadesivas de silicone que mantêm uma compressão leve e a hidratação da cicatriz, uma vez que impede a perda de água no local da incisão. Pode ser usada como prevenção ou tratamento da hipertrofia nas cicatrizes cirúrgicas, devendo ser iniciada logo após a retirada dos pontos. Deve ser mantida 12horas por dia por cerca de 6 meses.
É o padrão ouro para a prevenção e o tratamento de cicatrizes ocasionadas por queimaduras. Os pacientes deverão permanecer diariamente com a malha por
cerca de 6 a 12 meses. O seu mecanismo de ação parece estar relacionado com a oclusão de pequenos vasos sanguíneos da cicatriz, determinando isquemia e reduzindo o número de fibroblastos e a formação de colágeno exuberante.
A expansão de tecidos é realizada através de 2 momentos cirúrgicos.
Inicialmente, uma bolsa de silicone (expansor) é implantada numa área de pele sadia (sem cicatriz) ao lado da cicatriz indesejada. Durante 2 a 3 meses essa bolsa será insuflada semanalmente com soro fisiológico e com isso, a pele sobre ela sofrerá uma crescimento. Quando a capacidade máxima da bolsa de silicone é atingida, um novo procedimento cirúrgico será necessário, agora para a remoção total ou parcial da cicatriz e sua substituição pela pele que foi expandida.
Procedimento realizado para tratar cicatrizes deprimidas, cicatrizes de sequelas de acne, e em casos de celulite de grau avançado.
Consiste na liberação de traves fibróticas que tracionam a pele em direção aos planos mais profundos, através de movimentos de vai e vem realizados com uma agulha cortante (NOKOR) e sob anestesia local.
O trauma resultante desse procedimento resulta em um pequeno hematoma, que se reorganiza e estimula a produção do colágeno, preenchendo o espaço e elevando a cicatriz.
A dermoabrasão é um procedimento que utiliza lixas manuais ou elétricas de alta rotação para executar uma raspagem nas camadas mais superficiais da pele.
Essa esfoliação mecânica melhora as irregularidades de superfície da pele, como as que ocorrem nas cicatrizes traumáticas ou cirúrgicas, em sequelas provenientes da acne e da catapora e em rugas finas da face, como as localizadas ao redor da boca.
Não deve ser realizada em pacientes com tendência a formarem cicatrizes queloidianas ou hipertróficas.
Pode ser realizada em consultório sob anestesia local ou em hospital concomitante a outros procedimentos de rejuvenescimento facial.
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