A Ferida é uma interrupção da continuidade da pele, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico ou desencadeada por alguma doença clínica como é o caso das úlceras venosas, arteriais ou diabéticas.
As feridas são ditas complexas quando não cicatrizam facilmente e são de difícil resolução, seja por uma perda cutânea muito extensa e profunda, pela presença de infecções, isquemia, necrose ou pela associação com doenças sistêmicas que prejudicam os processos normais de cicatrização como o diabetes e as vasculopatias.
Além de causar um significativo impacto na vida pessoal e no convívio social, a presença de feridas afeta diretamente a capacidade produtiva dos indivíduos, que acabam por se afastar do trabalho.
Muitos pacientes evoluirão com sequelas crônicas e com limitação funcional mesmo após a sua recuperação.
Os cuidados com qualquer tipo e ferimento implicam em manutenção da ferida limpa e úmida, prevenção de infecções, proteção contra traumas e promoção da cicatrização.
O Cirurgião Plástico é um dos profissionais habilitados a tratar este tipo de problema, pois, conhece bem todo o processo de cicatrização e tem contato com os diversos tipos de curativos e tecnologias, além de realizar os procedimentos cirúrgicos que podem ser necessários para o fechamento das feridas.
No entanto, muitas vezes, será necessário que o acompanhamento multidisciplinar do paciente, em virtude da complexidade não só da ferida como também da sua condição clínica. Um exemplo claro é a ferida do paciente diabético, que necessita de controle do açúcar no sangue pelo endocrinologista e da avaliação da circulação pelo cirurgião vascular.
Curativo é definido como um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de um material sobre uma ferida para sua proteção, absorção e drenagem, com o intuito de melhorar as condições do leito da ferida e auxiliar em sua resolução.
Os curativos podem ser, em algumas ocasiões, o próprio tratamento definitivo; em outras, apenas uma etapa intermediária para o tratamento cirúrgico.
Até os anos 60, o princípio básico de todo curativo era somente a limpeza mecânica, a utilização das técnicas de antissepsia e proteção contra o meio ambiente, são chamados de curativos passivos. Atualmente, dispomos de uma gama imensa de curativos com princípios ativos que possuem ação tópica dependente da sua composição química. Esses princípios ativos são o alginato, a prata e o carvão ativado, que vão atuar principalmente no desbridamento enzimático e no controle da população bacteriana durante o preparo do leito de uma ferida.
A Terapia por Pressão Negativa ou Curativo a Vácuo está entre os tratamentos mais modernos e eficazes utilizados atualmente no fechamento de feridas.
Ela proporciona uma cobertura temporária nos casos onde não é possível o fechamento cirúrgico da ferida em um primeiro momento, seja pelas condições clinicas do paciente, seja pela extensão e gravidade da lesão.
O tratamento baseia-se na distribuição homogênea de pressão negativa na superfície da ferida, através da aplicação de uma espuma e um filme oclusivo conectado a um aparelho capaz de produzir 80- 125mmhg de pressão negativa.
Esse efeito de pressão negativa no leito da ferida melhora a sua vascularização, estimula a cicatrização, remove as secreções, diminui o risco de contaminação e infecção, diminui consideravelmente o tamanho e a profundidade da ferida, traz mais conforto ao paciente que não precisará mais se submeter a trocas diárias de curativos e que ficará longe do contato com o cheiro e com as secreções.
A duração da terapia pode variar de dias a semanas, dependendo do tipo da ferida que será tratada. Normalmente, o tratamento é realizado durante a internação hospitalar, porém, para feridas pequenas e rasas, dispomos do curativo com aparelhos portáteis que podem ser carregados dentro do bolso.
O curativo a vácuo pode ser recomendado para todos os tipos de feridas para acelerar o processo de cicatrização, principalmente nas feridas resultantes do pé diabético, úlceras de pressão, incisões cirúrgicas que sofreram abertura dos pontos, queimaduras e feridas resultantes de traumas e acidentes automobilísticos.
O uso da terapia não é um tratamento definitivo, mas uma terapia intermediária até a cobertura cutânea definitiva, através da realização de enxertos e retalhos para a resolução da ferida. E só deverá ser aplicado após os tecidos necróticos ou inviáveis terem sido retirados com o desbridamento cirúrgico.
Indicações da Terapia de Pressão Negativa
· Feridas crônicas resistentes ao tratamento com curativos tradicionais
· Feridas complexas, profundas, extensas, com elevada quantidade de secreção, em que se prevê uma longa duração do tratamento
· Feridas decorrentes de queimaduras que deverão receber um enxerto de pele
· Como fixação após a ferida ter recebido o enxerto de pele
· Em feridas decorrentes de deiscências cirúrgicas (abertura dos pontos)
· Úlceras venosas
· Úlceras diabéticas
· Úlceras de pressão (escaras)
· Úlceras traumáticas
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